Quantas
vezes ouvimos pessoas questionando a si mesmo como compreender a justiça
divina. Diante das atrocidades que reinam no mundo, um mundo que sofre
transformações para melhor, segundo nos revelam os Espíritos, muitos manifestam
dúvidas quanto esta melhoria e quanto à justiça de Deus.
Neste mundo
tão conturbado, por vezes “cruel”, destacamos um homem que, desde menino,
manifestava um estranho gosto, o da violência. Sentia-se fascinado por jogos
violentos onde a vitória seria a morte de muitos. Gostava também de assistir a
filmes do mesmo teor. Como este jovem, sabemos existirem muitos. Vamos chamá-lo
Sebastião.
Sebastião
cresceu achando normal aquelas cenas sangrentas e admirava a audácia daqueles
personagens dos games e filmes que, superando medos, destruía os adversários na
conquista de seus objetivos.
Quando lia
os jornais e via notícias de crimes ficava muito interessado. Principalmente
quando via o “sucesso” de seus autores que conquistavam dinheiros, joias e
prestigio entre os seus.
Sebastião
também trazia em seu pensamento uma dúvida: porque não tinha tudo quanto
precisava? Porque não tinha direito as mesmas coisas que os outros jovens da
sua convivência? Seria ele esquecido por Deus ou Deus não existia?
Nessa
dúvida, alimentou em seu pensamento a ideia da posse e, em seu coração, a
revolta. Passou a estudar as cenas dos games, dos filmes e os relatos dos
jornais. Começou a pensar que ele também era capaz de conquistar seus objetivos
porque era bom naqueles jogos. Já conseguira alcançar as ultimas fases de todos
os games que conhecia e tinha uma mente bastante criativa.
Começou com
pequenos furtos bem arquitetados. Com o sucesso, almejou mais e mais.
A
necessidade de demonstrar a si mesmo o quanto aprendeu com os games e filmes
fez com que colocasse uma pitada de violência em suas ações que foram crescendo
até chegar à tortura de seus “adversários”. Da tortura foi um passo para a
morte. Matou com prazer! Não encontrou nada que o fizesse parar há não ser a
sua própria morte, a morte de seu corpo. Chegou o dia em que Sebastião voltou
ao mundo dos Espíritos e teve um encontro com a verdade.
O que você
acha que aconteceu com Sebastião?
Muitos
dirão: foi para o Inferno! Mas, como sabemos que o Inferno é um estado de
consciência, Sebastião encontrou o Inferno em sua própria mente – a culpa
disfarçada em cenas de terror. Um game onde ele era o personagem que sofria a
fúria de seus perseguidores que eram muitos. Monstros horrorosos de corpos
destruídos que queriam aniquilar seu corpo. Ele pedia socorro. Por muito tempo
pediu socorro até que Deus enviou alguém.
Foi um
longo tempo de perguntas e explicações, de orientações e análises de casos até
que concluiu que jogou fora uma grande oportunidade de vida. Pediu uma nova
oportunidade, queria tentar novamente. Seu pedido foi atendido.
Deu início
a preparação de seu retorno à vida carnal. Como seria sua nova existência? Nada
fácil! Diante de tanta destruição pelo simples prazer de destruir; diante de
tantas lágrimas que fez derramar; diante de tantos danos causados a diversas
criaturas, suas irmãs em humanidade, as consequências seriam dolorosas. É da
Lei! Lei de causa e efeito, de ação e reação.
Sebastião
preocupou-se. Conseguiria vencer a tamanha prova? Um corpo deformado pelas
agressões impetradas nos outros, a grande carência financeira pelo tanto que
lesou, as perdas afetivas pela solidão e abandono que proporcionou a tantos
quando tirou a vida de seus entes queridos. Seria possível ter êxito?
Entristeceu-se imensamente!
Confidenciou
a seu protetor espiritual suas angustias, seus medos. Recebeu dele o carinho e
a atenção que tanto necessitava. Compreendeu que precisava seguir na busca de
sua evolução, que era inevitável a caminhada para o crescimento. Mas recebeu
uma contra proposta. Quem sabe podemos fazer uma permuta, uma troca na sua
forma de resgate dos débitos adquiridos? - disse seu protetor. Sebastião ficou bastante interessado: seria
isso possível?!
Seu
protetor apresentou-lhe um novo projeto de vida onde ele teria dificuldades
físicas mais leves. Sairia a deformidade e entrariam enfermidades contornáveis,
uma carência financeira mais suave e perdas afetivas naturais, sem abandono.
Para que isso pudesse acontecer, porém deveria acrescentar um item
importantíssimo em seu programa de vida: trabalho no bem! Como assim?
Questionou Sebastião.
Você terá
que construir e não destruir, plantar amor e não ódio, suavizar dores e não
criá-las. Ensinará o bem do próximo, a não violência, salvará vidas.
Como farei
isso?! Quando nascer em novo corpo, esquecerei essas orientações e posso fazer
tudo errado outra vez!
Deus é bom
Sebastião! É justo! - disse seu protetor. Vai te ajudar a lembrar de que tem um
compromisso, mesmo sem saber qual é. Você será apresentado a uma religião para
sentir-se mais fortalecido. Nesta religião aprenderá a necessidade e a
importância do “amor ao próximo”. Logo será convidado ao trabalho com crianças
e adultos e terá oportunidades de esclarecê-los, orientá-los, dar-lhes carinho.
Muitos compromissos surgirão e você certamente terá vontade de desistir porque
também surgirão convites ao prazer do mundo carnal. Mas você experimentará um
desconforto toda vez que se inclinar para o abandono da tarefa. Apenas um
desconforto. Será a ajuda de Deus para que você não desista. A decisão, porém,
será sua. O que acha dessa permuta?
Difícil,
disse Sebastião, mas melhor do que a primeira programação. Eu aceito!
Boa decisão
Sebastião! – disse seu protetor. Eu seguirei com você. Estarei a seu lado
vigilante, atento, segurando a sua mão. Quando seu corpo adormecer, e você vier
ao meu encontro, conversaremos sobre seus desafios, suas decisões, sucessos e
fracassos. Mas não poderei decidir por você. A responsabilidade por suas
escolhas será sempre sua!
Assim,
Sebastião retornou a vida carnal. Um novo corpo, uma nova oportunidade.
***
Assim somos
nós. Não sabemos da nossa história pregressa, mas sabemos que não podemos
deixar passar esta oportunidade de vida e resgate. É bem possível que estejamos
vivendo uma permuta. Busquemos a força em Deus e em Jesus para viver esta
permuta com excelência e aproveitamento.
Escrevi
essa história inspirada por outra história: Nascer de novo, ditada pelo
Espírito Léon Tolstoi no livro Arte de Recomeçar – História da imortalidade na
visão de Jesus. Recomendo este livro.
Abraços,
Preta
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